BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO (01/06/2020)
QUEM SOMOS
O coletivo Mururu nasceu de uma inquietação acerca dos impactos do novo coronavírus na vida dos povos indígenas no Maranhão e de seu possível grau de letalidade. Somos um coletivo formado por antropólogos, historiadores e indigenistas que atuam diretamente com os povos indígenas, tanto em atividades de pesquisa, como em ações indigenistas.
O QUE NÓS FAZEMOS
O nosso objetivo é sistematizar os dados epidemiológicos que são divulgados sobre a Covid-19 no Estado do Maranhão e refletir sobre a realidade da assistência à saúde, entre outras políticas públicas, destinada aos povos indígenas que aqui habitam. De modo a qualificar a apresentação dos dados, respeitando a diversidade indígena existente no Maranhão, buscamos ampliar a ajuda e participação dos indígenas, suas entidades representativas e outros aliados para juntos somarmos esforços no enfrentamento dessa crise sanitária e política.
Os dados aqui apresentados partem de informações publicizadas pelas secretarias de saúde do Estado do Maranhão e de municípios de interesse. Esses dados são acrescidos e confrontados com outros disponibilizados pela SESAI, pelos órgãos indigenistas da sociedade civil e organizações indígenas. Procuramos agrupar dados de diferentes fontes para tornar a informação mais qualificada e de fácil visualização. Um ponto essencial é a comunicação direta com membros dos diversos povos que compõe os coletivos indígenas no Estado do Maranhão
A TRAJETÓRIA DE CONSTRUÇÃO DA REDE
O mês de abril de 2020, inaugura, no Estado do Maranhão, os boletins epidemiológicos de casos do novo coronavírus, dando lugar as notificações iniciadas no dia 28 de fevereiro. Esses boletins são divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde e pelas secretarias municipais de saúde que passam a disponibilizar à opinião pública o número de casos por municípios, sua evolução e outros dados estatísticos. No primeiro boletim apresentado pelo Estado foram notificados 71 casos confirmados e um óbito nos municípios de São Luís, Imperatriz e Açailândia. Ao final do mês os casos positivos saltaram para 3.506 com 204 óbitos em 85 municípios. Mas, e os dados sobre os povos indígenas? Essa era a pergunta que nos perseguia. Preocupados sobre como mais essa epidemia iria impactar os povos indígenas no Maranhão, decidimos criar o coletivo Mururu para monitorar a expansão dos casos de Covid-19 na população historicamente mais vulnerável do país. Quando iniciamos a análise dos dados, em 23 de maio, havia, grosso modo, quatro fontes de informação estatísticas sobre o novo coronavírus que incidiam direta ou indiretamente nas terras e territórios indígenas existentes no Maranhão. Os boletins: federal, estadual, municipal, e o das organizações indigenistas e indígenas.
A primeira constatação que tivemos foi a de que, de fato, em nenhum dos dados oficiais de governos existia informações específicas sobre os povos indígenas no Maranhão. Foi por isso que decidimos enfrentar esse debate e, com isso, buscar ampliar os esforços para dar visibilidade ao enfrentamento do novo coronavírus entre os povos indígenas no Maranhão. Buscamos somar esforços às organizações de apoio à causa indígena e às organizações indígenas que, a despeito dos dados gerais notificados pela SESAI, iniciaram o processo de dar uma identidade a esses números notificados. Para começar a montar o quebra cabeças, recolhemos, inicialmente, os dados da Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão e com a ajuda das bases cartográficas do IBGE e da Funai, montamos o primeiro mapa (Casos de COVID-19 por Município de Notificação, 23/05/2020). Nele é possível visualizar os municípios que incidem nas terras e territórios indígenas e observar pelas cores a proporção de casos notificados de Coronavírus em cada um desses municípios. A partir dele vislumbramos acrescentar novos dados e análises. Para isso, contamos com a participação de todos e todas que quiserem e puderem ajudar os povos indígenas no Maranhão.
Componentes do Coletivo Mururu
Ana Caroline Amorim Oliveira. Doutora em Antropologia(USP). Professora do Curso de Ciências Humanas/Sociologia, Campus São Bernardo, da Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade-PGCULT/UFMA. Link lattes: http://lattes.cnpq.br/6279006668275644
Daisy Damasceno Araújo. Doutora em Ciências Sociais(UFMA). Professora de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Campus Coelho Neto. É integrante do Núcleo de Estudos Afro brasileiros e Indígena (NEABI) do IFMA/Campus Coelho Neto.Link lattes: http://lattes.cnpq.br/9925770961288238
Kátia Núbia Ferreira Corrêa. Doutora em Ciências Sociais(UFMA). É autora do livro: "Muita terra para pouco índio? O processo de demarcação da Terra Indígena Krikati". É pesquisadora do Grupo de Pesquisa Estado Multicultural e Políticas Públicas (CNPq/DESOC/UFMA) e do Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política(CNPq/UFMA). Link lattes: http://lattes.cnpq.br/9431672106741102
Rodrigo Theóphilo Folhes. Doutor em Ciências Sociais(UFMA). É pesquisador do Grupo de Pesquisa Estado Multicultural e Políticas Públicas (CNPq/DESOC/UFMA). Link lattes: http://lattes.cnpq.br/9262170582606653