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Boletim da Vacinação: de fevereiro a março de 2021

      No dia 16 de fevereiro de 2021, o Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão (DSEI/MA), vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), divulgou os dados referentes à vacinação de indígenas maiores de 18 anos e profissionais da saúde indígena contra a Covid-19 no estado. No Boletim constavam dados como: total de vacinas solicitadas (18.951), total de doses aplicadas (9.036) e número de recusas (5.365). Este mesmo boletim trouxe dados da vacinação por polos, como Amarante, Arame, Barra do Corda, Bom Jesus das Selvas, Grajaú, Krikati, Santa Inês, Viana e Zé Doca, além das aplicações nas Casas de Saúde Indígena (CASAI) em São Luís, Imperatriz e Teresina. Neste boletim, constam, ainda, a porcentagem do número de vacinas aplicadas em relação ao número de doses solicitadas (48%) e a porcentagem de recusas em relação ao quantitativo populacional (28%).

        Dois dias após a divulgação deste primeiro boletim de 16 de fevereiro, há a circulação de um segundo boletim, datado de 18 de fevereiro de 2021. Nele, o número de vacinas solicitadas, que era de dezoito mil, novecentos e cinquenta e uma (18.951) no dia 16, reduz para dezoito mil, novecentos e dezenove (18.919). Esta redução é perceptível nos números de doses solicitadas em Zé Doca (caiu de 903 para 881) e na Casai São Luís (caiu de 110 para 100), totalizando 32 doses solicitadas a menos entre o primeiro e o segundo boletim. Não conseguimos identificar as razões dessa redução em todas as situações elencadas acima. Entretanto, no que se refere à CASAI, acreditamos que o tempo de permanência flutuante de pacientes indígenas nesse local pode ser uma das possíveis causas da redução.

       Neste mesmo boletim de 18 de fevereiro o número de doses realizadas aumenta para nove mil, cento e quarenta e sete (9.147), cento e onze (111) doses a mais do que os números do boletim de 16 de fevereiro (9.036) e o número de recusas permanece o mesmo (5.365). Um dado importante desse segundo boletim são os números da aplicação da segunda dose, que contabilizam 23%. A princípio poderíamos afirmar que o quantitativo de 111 doses a mais corresponderia apenas ao número de aplicações da segunda dose, visto que a porcentagem da primeira dose permanece em 48%, assim como no boletim do dia 16/02. No entanto, veremos na Tabela 1, apresentada abaixo, com destaques em amarelo, que houve um pequeno aumento de aplicação da primeira dose nos polos de Amarante (de 31 para 33%), Krikati (de 40 para 41%) e em Zé Doca (de 62 para 67%). Se o DSEI registra aumento nos números da primeira dose, como se explica então, a permanência de aplicações referente a essa dose em 48%?  

      Na Casai São Luís e Casai Teresina, com destaques em vermelho, há uma redução na porcentagem da primeira dose, o que pode implicar numa nova atualização dos dados com base na hipótese que levantamos acima, acerca do tempo de permanência flutuante de pacientes indígenas nesses locais, justificando a redução.

      

      Interessante destacar, ainda, a presença de Viana entre os polos apresentados. Viana, neste caso, contempla os Akroá Gamella, que estão em processo de luta por reconhecimento e retomada de seus territórios, sendo caracterizados de “povos não aldeados” pelo DSEI-MA. Durante todo o ano de 2020, os Gamella se destacaram no processo de luta e resistência, juntamente com outros povos no estado (Anaparu Muypurá, Cariri, Tremembé da Raposa, Tremembé do Engenho e Tupinambá), para serem assistidos pelo órgão de saúde indígena no tratamento contra a Covid-19, que recusava o suporte alegando que os povos em territórios não demarcados e em contexto urbano não são de responsabilidade do DSEI-MA/SESAI. Em 2021, o processo de luta destes povos convergiu, também, para a inclusão dos mesmos no plano nacional de imunização como grupos prioritários.

     Destacamos ainda que o formato dos dois boletins apresentados acima (16 e 18/02), embora não apresente os dados de forma específica e diferenciada, por povo ou território, trouxe o número de recusas e aplicações de forma separada por polo. No entanto, optamos por registrar com destaques em cinza, na tabela acima, a porcentagem dos imunizados (1ª e 2ª dose já aplicadas). A análise do número de recusas e aplicações por polos que constam nos boletins citados acima, será feita em um outro momento, juntamente com a qualificação dos povos que são assistidos por esses polos.  

    Os boletins que foram publicados na sequência, após os boletins de 16 e 18 de fevereiro, apresentam um formato mais reduzido nomeado de vacinômetro, que datam dos dias 23 e 26 de fevereiro, e 05 e 16 de março de 2021. Neles não conseguimos identificar os números por polos, apenas a porcentagem e quantidade de doses aplicadas, seja da primeira ou da segunda dose. Apenas no primeiro vacinômetro, de 23 de fevereiro, há a informação de um número total de indígenas maiores de 18 anos e profissionais da saúde indígena que se pretende imunizar (18.929). Este número implica em um total de dez a mais do que o número de vacinas solicitadas no boletim de 18 de fevereiro (18.919), que destacamos acima. Vejamos os números dos vacinômetros. 

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     Se compararmos a evolução da vacinação entre 16 (primeiro boletim com formato mais amplo) e 26 de fevereiro (vacinômetro), um intervalo de dez dias, temos um avanço de 48% para 55%, com a realização de mais de 1.200 primeiras doses. Neste mesmo interstício, a porcentagem de aplicação da segunda dose é mais do que o dobro, de 23% para 50%, implicando na imunização de mais de cinco mil indígenas e profissionais da saúde. Em um mês de vacinação, de 16 de fevereiro a 16 de março houve a realização de mais de 2.600 primeiras doses (de 9.036 doses para 11.657), com um total de 7.319 indígenas que realizaram as duas doses da vacina até o momento e estão imunizados.

    No dia 23 de março tivemos acesso a um novo boletim no formato mais amplo que os vacinômetros, que traz o número total de 1ª e 2ª doses aplicadas de forma geral e por polo, além do número total de recusas. O boletim apresenta uma totalidade de doze mil e trinta e duas (12.032) primeiras doses aplicadas (62%) e sete mil, novecentos e quarenta e oito (7.948) segundas doses (66%). O número de recusas teve uma redução de 32%, de cinco mil, trezentos e sessenta e cinco (5.365), que representava 28% do total no primeiro boletim de 16 de fevereiro, para três mil, seiscentos e quarenta e oito (3.648), neste último boletim, representando 19% do total. Fizemos a comparação deste último (23/03) com o boletim do dia 18/02, quando foram divulgadas, pela primeira vez, a porcentagem das segundas doses aplicadas. Neste comparativo podemos identificar, ainda, o número de recusas, podendo avaliar, por polo, onde houve redução ou aumento.

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No gráfico abaixo podemos acompanhar o processo de imunização entre os dias 16 de fevereiro e 23 de março de 2021.

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    Diante do cenário atual da pandemia da Covid-19 no país, que vive a pior fase desde o primeiro caso de contaminação em março de 2020, continuar visibilizando a situação sanitária dos povos indígenas no estado e realizando o mapeamento da pandemia da Covid-19 continua sendo um desafio. Em um contexto de disseminação de fake news e negacionismos que têm atingido os indígenas e inviabilizado a imunização dos diferentes povos espalhados pelo estado, com um número altíssimo de recusas, apresentar os dados da vacinação e investir na publicização dos mesmos, de forma específica e diferenciada, é sinônimo de amor e valorização da vida.

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Diante do cenário atual da pandemia da Covid-19 no país, que vive a pior fase desde o primeiro caso de contaminação em março de 2020, continuar visibilizando a situação sanitária dos povos indígenas no estado e realizando o mapeamento da pandemia da Covid-19 continua sendo um desafio. Em um contexto de disseminação de fake news e negacionismos que tem atingido os indígenas e inviabilizado a imunização dos diferentes povos espalhados pelo estado, com um número altíssimo de recusas, apresentar os dados da vacinação e investir na publicização dos mesmos, de forma específica e diferenciada, é sinônimo de amor e valorização da vida.

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